terça-feira, 22 de maio de 2007

...sempre I

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Não suportavas que eu ouvisse Lena D'Água... como se fosse o barulho de uma campainha insistente ou o ranger de portas inoportunas ou o silvo doloroso de um pensamento que não querias pensar...
Fazias sempre tudo para a calar, para calar a Lena que é D'Água e que só queria que o amor a quisesse...
E eu fazia-te, sempre, a vontade
e calava-a
(e calava-me)
[e tu, por fim, calavas-te]

e falava o silêncio...

"Sempre que o amor me quiser
basta fazer-me um sinal,
soprado na brisa do mar
ou num raio de sol..."

E eu não gostava assim tanto de a ouvir... gostava daquela... daquela canção em particular...
E não sei se foi pela falta de amor que tinhas por aquela música ou pela falta que havia dele entre nós... comecei a dizer que gostava de a ouvir, mesmo.
(...para te irritar?)
E deitava-me no sofá, com as portadas da janela abertas e o sol a espalhar-se na sala... e ouvia-a quando tu não estavas... quando estavas para chegar (...quando entravas na sala com uns sacos e umas histórias e umas novidades e um olhar de reprovação e náusea)

"Sempre que o amor me quiser
sei que não vou dizer não
resta-me ir para onde ele for
e esquecer-me de mim..."

E comecei a gostar de a ouvir, mesmo.
Até aquelas coisas... "olhó robot"... e aquela outra.....
(Piroso; asseguravas-me)
E já quase me esqueci de ti...
[Ficou o amor por ela...]
{...e a vontade de me esquecer de mim...}
.

2 comentários:

Anónimo disse...

ahah! portadas!!!!

Helena disse...

toma lá, zoom

beijo

:)